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SHAUMBRA HEARTBEAT
Por Jean
Tinder, Editora do Shaumbra Magazine, Professora do Círculo Carmesim
A
tradução para o português da Série Shaumbra Heartbeat de Jean Tinder
feita por Lea Amaral é incentivada e patrocinada pela Shaumbra Vera Amaral
Gurgel

VOCÊ É
SUFICIENTE?
Adamus vem recentemente
insistindo com os Shaumbra para separarem até três dias por mês para
ficarem completamente sozinhos. Parece uma ótima idéia - até começarmos a
pensar em toda a logística (o que acontece com todas as coisas que tenho
que fazer e com as pessoas que dependem de mim?), sem mencionar a vaga
estranheza de toda a ideia (e se eu ficar entediado?). Mas se quisermos
esse reencontro ilusório com o Ser tanto quanto nós admitimos, temos que
decidir o que é mais importante: o tempo com o nosso Ser ou as eternas
distrações da vida. Afinal de contas, qualquer bom relacionamento é
construído sobre passar um tempo juntos com qualidade, então por que
parece ser tão estranho dar isso a nós mesmos?
Eu amo meu trabalho, que é uma coisa boa, porque ele poderia facilmente
manter-me ocupada quase 24/7. Mas toda essa ocupação é mais uma razão
para seguir o conselho do Adamus, por isso há algumas semanas eu reservei
uma pequena cabana e planejei o meu retiro. Este seria um tempo para estar
só comigo mesmo e, portanto, não incluiria quaisquer revistas, livros,
canalizações, TV, jogos eletrônicos ou quaisquer outras distrações. À
medida que o tempo se aproximava minha expectativa cresceu e eu notei que
o meu planejamento parecia um pouco com o planejamento para uma lua de
mel. Que outra ocasião a gente viaja apenas com as coisas básicas e sem
nenhum plano para entretenimento externo?

Finalmente chegou a hora de partir para os meus três Dias de Consciência.
Bem, da tarde de domingo até terça-feira manhã não eram exatamente três
dias inteiros, mas ainda assim era mais tempo para fazer absolutamente
nada do que eu tive em muito tempo. Apenas a uns dez minutos de casa,
notei a sensação de uma enorme mochila se soltando dos meus ombros e
caindo. Cheia de toda a responsabilidade que eu empilhei sobre mim, ela
tornou-se tão familiar que eu nem tinha notado o peso. Eu tomei uma
respiração profunda, conforme ela caiu para dentro da vala, à espera de
ser pega novamente, quando eu voltasse para casa.
Após duas horas dirigindo por estradas das montanhas com neve, lá estava a
minha cabine. Ahh ..., isolamento, finalmente! Eu trouxe as minhas coisas
para dentro e olhei em volta. Dois alces magníficos estavam descansando no
quintal cheio de neve. (E antes que eu entrasse eu iria ver um lince na
varanda e levado a dormir pelos pios de uma coruja do lado de fora da
janela!) Foi mágico. Eu fiz uma xícara de chá para mim mesma, sentei-me e
respirei fundo. Não havia nada a fazer, nenhum lugar para ir, ninguém para
conversar, nem mesmo um diário para escrever. Silêncio total. Apenas eu,
eu mesma e o Eu Sou. Mesmo as entidades habituais e as energias pareciam
recuar em respeito à minha escolha de ficar sozinha.
Havia uma sensação estranha na minha cabeça, como se meu cérebro bem
enrolado, agora estava se desenrolando suavemente. Os pensamentos
começaram a se afastar, meu corpo geralmente apressado diminuiu o ritmo,
os meus sentidos se tornaram relaxados e abertos. Sem nada para fazer -
sem tarefas urgentes, listas para verificar, telefonemas para atender ou
e-mails para responder; na verdade sem nenhuma distração – só restou eu
sentir a mim mesma. E de repente o maior sentimento foi... cansaço! Esta
coruja noturna foi para a cama dormir às 18:30, começando treze horas
indulgentes de ser na horizontal. Ah, que luxo!
Na manhã seguinte, levantei-me para um dia inteiro para fazer nada. De vez
em quando a minha mente ansiosa e inquieta procuraria pelos folhetos na
mesa, pensaria em ligar a TV ou até mesmo começaria a contar as lajotas no
chão. Mas eu me recusei, querendo experimentar totalmente este estado de
ser em vez de fazer, sem me importar o quão estranho era. Então eu “fiz”
muito de sentar, respirar e olhar para o espaço. Algumas vezes fui para
fora e olhei para o rio ou para as nuvens, mas vocês entenderam. Apesar da
mente desemaranhada ocasionalmente querer enrolar-se de novo, essas foram
algumas das mais preciosas e exuberantes 40 horas que eu já passei comigo
mesma.
Quando eu contei para as pessoas depois, a pergunta imediata, logo após o
"Onde você foi?" sempre foi: "O que você fez durante todo o dia?" Na
verdade, eu já tinha me feito a mesma pergunta centenas de vezes antes de
ir, porque pode ser bastante desconcertante não ter absolutamente nada
acontecendo. A maioria de nós está tão acostumada com a correria que a
ideia – sem mencionar a experiência - de que muito silêncio é inquietante.
Mas algo me ocorreu poucos dias depois do meu pequeno retiro e eu comecei
a entender a sua importância.
Em outras eras, quando precisávamos desesperadamente descobrir: "Quem sou
eu", nós aprendemos a nos cercar de outras pessoas para nos vermos em seus
reflexos. Aprendemos a identificar e avaliar a nós mesmos pelas coisas,
pessoas, circunstâncias e ações de nossas vidas e, em algum lugar ao longo
do caminho, a identidade externa tornou-se mais real para nós do que a
interior. Nós nos agarramos aos outros em vez de a nós mesmos. Valorizamos
o fazer mais do que o ser, as ocupações mais do que o silêncio, as coisas
mais do que o silêncio, porque é assim que nós sabemos que somos reais.
Talvez seja por isso que o Adamus esteja tão focado no "eu existo”. Porque
quando eu sei que existo, então eu não preciso de mais nada para me
convencer de que eu sou real. Eu não preciso obter energia de qualquer
outra coisa também, que é o que costumamos fazer com todas essas
distrações e outras pessoas.
Há um limiar para nós atravessarmos. Ele vai nos levar para o lugar onde
se virar para o nosso interior preenche absolutamente todas as
necessidades que temos. Mas uma vez que o atravessamos, eu tenho certeza
que não vamos voltar. E uma vez que só podemos imaginar isso a partir da
nossa perspectiva atual, parece ser um monte de nada. E isso se parece com
o Vazio que nós nunca queremos visitar de novo. Então eu sugiro que
comecemos devagar. Você consegue lidar com algumas horas, um dia ou dois,
de nada além de si mesmo? Quem é que vai ficar sem nada para fazer, ler ou
dizer, assistir ou ouvir? Eu tenho um palpite de que o Adamus quer que
você descubra por si mesmo.

Meu tempo sozinha foi realmente bem completo - com respiração, sentindo,
conectando-me com o meu corpo de luz (mais sobre isso no próximo mês!),
sendo, sentindo, pensando um pouquinho, muito mais sentindo - e eu mal
posso esperar para fazê-lo novamente.
Este não é o momento para se dar o presente de você mesmo? No total
isolamento, sem distrações, sem telefone, sem computador, sem livros, nada
além do que está dentro - você será suficiente? Por que não ter uma lua de
mel com você mesma! E neste processo, você pode encontrar a paz e clareza
para manter o seu equilíbrio nestes tempos de mudanças.
Tradução: Léa Amaral
lea_mga2007@yahoo.com.br
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