GRAÇA  FEROZ 

E LIBERDADE

 

 

              Por Donna Van Keuren

Vários anos atrás, quando estava de férias na Flórida com umas amigas, uma dessas senhoras encantadoras sugeriu que fossemos mergulhar com snorkel. Em um momento de loucura regada a rum, eu concordei. Eu. A pessoa que tem medo de águas profundas disse: "Oh, isso seria divertido! Eu nunca fui mergulhar com snorkel. Inscreva-me."

No dia do evento do tal mergulho, um terror de baixa escala, começou a  infiltrar-se, crescendo de forma constante, até que eu me vi em um barco veloz que se dirigia para o alto-mar. Batendo nas ondas, a praia apenas uma memória distante, o guia da aventura disse algo cativante sobre tubarões e como deveríamos estar seguras.

Conforme nossas instruções de mergulho nos foram dadas eu tentei escutar, mas o sangue pulsando em meus ouvidos tornava isso um desafio. I verifiquei três vezes os meus equipamentos: os óculos de proteção: ok; pés-de-pato: ok; óculos de proteção: ok ... A essa altura todo mundo estava na água, menos eu. Imaginando que eu me sinto como um Marinheiro das Forças Especiais prestes a partir para uma operação, eu examinei o vazio diante de mim. Eu não conseguia ver ninguém, porque as ondas eram tão grandes. Eu não conseguia ver a terra. Eu não conseguia ver como eu ia sair desse barco.

Em um ato de pura determinação, eu coloquei o meu trazeiro que estava tremendo sobre a borda e desci a escada até a água. Estava fria. O barco estava jogando bastante e em uma investida desesperada eu larguei a escada, mas ainda agarrada à corda da âncora e sendo golpeada pelas ondas.

Uma amiga me viu e nadou até mim, avaliando rapidamente a situação. Ela segurou suavemente o meu rosto assustado, olhou com amor para os meus olhos assustados e disse: "Solte a corda da âncora, querida. Ela está puxando você para todos os lados. Confie em mim, será muito melhor se você soltar. É hora de deixar ir agora."

Eu olhei para ela como se ela estivesse louca, mas a verdade de suas palavras, eventualmente entrou no meu cérebro em pânico e eu deixei ir. Foi uma das coisas mais corajosas que já fiz.

Agora flutuando suavemente nas ondas, eu não conseguia lhe dizer o quanto isso é melhor. Eu nadei para longe com a minha amiga e nós mergulhamos juntas, de mãos dadas, até que eu disse a ela que eu estava pronta para me soltar. Eu nadei por ali. Não vi nenhum tubarão. Os medalhistas de ouro olímpicos não estavam mais orgulhosos do que eu naquele momento.

Avancem para janeiro de 2015 e para um tipo diferente de oceano.

Estou sentada no porão da minha casa de infância, uma vida inteira de memórias que nadavam em torno de mim e uma corda de âncora que remonta a gerações, representadas pela chaminé que domina o centro do porão. Eu tenho sonhado com esta chaminé repetidamente desde que eu tinha 8 anos de idade.

Nesses sonhos eu estou sempre fazendo alguma coisa alegre quando o alarme alto dispara. Não dá tempo de entrar em pânico, de se esconder, de correr; mas, inevitavelmente, a chaminé se abre, liberando a raiva presa dentro dela. É masculino, cheio de fogo e força, empenhado na destruição. Essa energia me aterroriza.

Quando meu ser do sonho era jovem, eu me escondi na cama dos meus pais sob os cobertores. Ao crescer, eu fugi da casa, mas a energia me segue. Ao saber que eu não consigo escapar fugindo, eu começo a construir a minha capacidade para enfrentar o que está se rompendo. Conforme a energia se libera, meu ser do sonho abre a porta do porão, dá um passo para baixo na escada e se desintegra, apavorado, incapaz de me salvar. Muitos sonhos mais tarde, eu vou até lá embaixo para enfrentar uma parede de fogo rugindo  no lugar onde já esteve a chaminé .

Um dia, em meu estado de vigília, eu decidir fazer uma meditação e desbloquear a chaminé. Eu encontro uma jovem presa lá dentro. Ela é inocente, mas sábia, um aspecto intuitivo de mim mesma. Eu sinto um grande alívio ao libertá-la. Curiosamente, ela é a única que eu encontro.

Após a meditação, eu me deitei para tirar um cochilo. Quando já estava caindo no sono, eu entrei em um estado de transe e senti uma grande liberação de energia em meu corpo. Primeiro, eu vi os olhos da jovem brilharem na minha visão e, em seguida, uma grande força explode em meu ventre. Eu tento parar isso, mas eu não posso. A energia, sexual e raivosa, ruge através de mim com uma sede de sangue, querendo dominar, controlar e destruir tudo em meu caminho. Duas crianças pequenas andam diante de mim no sonho e esse demônio interior eleva-se em alegria com o pensamento de tal inocência. Uma parte de mim está tentando incitar as crianças a fugir; a outra parte de mim quer perseguir. Eu acordo tremendo e suando: "Oh meu Deus, o que eu fiz!?" O Homem da Chaminé nunca foi apenas um sonho.

Eu senti essa energia toda a minha vida. Nunca houve um momento de alegria na minha juventude, quando eu também não senti esta sombra. Eu não confiava em mim mesma. Eu sentia a energia surgir quando via crianças pequenas ou assistia a certos filmes e eu a empurrava ferozmente de volta para o fundo e correria para a luz. Eu não abracei o meu poder pessoal – fosse ele criativo, financeiro ou sexual - por medo de abusar dele. Eu vivi com culpa, sempre tentando ser uma criança perfeita e, depois, um adulto perfeito. Eu segui todas as regras e fui muito, muito dura comigo mesma. E, no entanto, todos os relacionamentos que eu atrai iluminaram para além deste sombra. Cada papel que eu escolhi serviu para isso. Eu sabia que esse desequilíbrio era cármico e que tinha estado comigo por um longo, longo tempo. Curar este cisma se tornou meu trabalho de vida.

No meu último sonho desse gênero, eu estou de pé lá em cima, na casa da minha mãe e eu vi sangue escorrendo pelas paredes. Quando eu fui para o porão para investigar, um homem de minha linha ancestral se arrasta para fora da parede, me persegue e me puxa para baixo na escada. Paralisada de medo, eu gritei pela minha mãe pedindo ajuda, mas ela não podia me ouvir.

Poucas semanas depois, a mamãe é diagnosticada com Leucemia Linfóide Aguda das células B, um câncer de sangue que atinge crianças pequenas.

Em 2014, passei 6 de 11 meses, em Wisconsin observando como a doença extingue a sua força de vida e funcionamento. Eu não posso salvá-la. Eu não posso corrigir isso. Eu escuto quando ela me diz o quanto ela quer brincar de novo; e finalmente, eu testemunho quando ela mergulha fundo, finalmente permitindo à graça feroz queimar através dela e transformar tudo.

Durante cada visita eu fiquei casa dela, minha casa da infância e senti as energias rugir. Eu acordava à noite com suores frios, tinha ataques de pânico e eu sabia que não havia como escapar. Minha presença consciente é necessária. É um ano de permitir o impermissível, enfrentar todos os demônios, até eu perceber plenamente que essa energia NÃO é quem eu sou. A chaminé é um padrão cármico ancestral e o potencial de liberdade já está vivo dentro de mim.

Minha mãe fez sua transição em 8 de janeiro de 2015. Ela recebeu plenamente a sua graça e mostrou-se a mim no outro lado em um estado atemporal, leve, luminosa e livre. Ela é a minha grande companheira de alma, a profundidade disso foi revelada pela forma como ela catalisou a minha própria iluminação e há momentos que eu sinto profundamente a falta dela. Mas quando eu busco por ela na nova energia, ela está bem aí com alegria, celebrando-me, incentivando-me. Sua mensagem constante é esta: "Libere! Não se agarre. Separe-se do padrão. Não deixe que as posses algemem você a esta velha energia. Não se agarre a quem você foi no passado. Libere o corpo da dor ancestral. Seja livre! Esta é a sua hora."

Sentada no porão, cercada por gerações de pertences e memórias e inundada com emoções, eu percebi que não podia ter as duas coisas. Eu não posso me agarrar ao que é familiar e atingir a minha liberdade. Dor antiga pode ser viciante; ela está enredada em minhas células, amarrada às minhas convicções, centro das minhas histórias. O que é preciso para saltar totalmente para o desconhecido e cruzar o limiar? Devo liberar a corda da âncora e mergulhar no oceano.

O memorial de celebração da minha mãe foi um memorial para mim também, para a pessoa que eu era e os papéis que tive neste conto milenar de dualidade. Eu não posso mais ser aquela pessoa. Eu já estou "além" dela. Ela é aquela que segurou a energia para os outros, que se martirizou e permitiu que se alimentassem de sua energia, que construiu pontes para corrigir e para salvar. Eu a liberei naquela hora para re-lembrar e irradiar a minha liberdade.

Tanta coisa está partindo. O que resta é um buraco, um vazio espaçoso e misterioso que nem mesmo está vazio, luminoso, mas ainda não formado. O que está do outro lado? Hoje, tudo que eu sei é como eu o sinto.

 

Donna Van Keuren é um artista que já foi publicada, uma compositora, empata e intuitiva com mais de 10 anos de experiência como leitora de energia. “Light the Journey”, seu negócio com o parceiro Joe Davinroy, está transformando enquanto eles incorporam como professores e Padrões de nova energia e criação consciente.

Donna Van Keuren- www.lightthejourney.com

 

Tradução: Léa Amaral – lea_mga2007@yahoo.com.br

 

 

   
 

 

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