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SHAUMBRA HEARTBEAT Por Jean Tinder, Editora do Shaumbra Magazine, Professora do Círculo Carmesim

 A tradução para o português da Série Shaumbra  Heartbeat de Jean Tinder feita por Lea Amaral é incentivada e patrocinada pela Shaumbra Vera Amaral Gurgel

                                                           

 

QUEM ESTA

DIRIGINDO?


 

Muitas mudanças estão acontecendo..., famílias mudando de casa, as crianças mudando para o outro lado do país, os parceiros conseguindo empregos (ou saindo deles), pessoas queridas de repente deixando a Terra, sonhos criativos com uma nova posição neste reino, sem mencionar todo o caos mundial que chega aos noticiários. Não tem havido quase nenhum momento de tédio neste ano de rupturas e ainda nem estamos no meio do caminho! Às vezes observamos o caos à distância, apenas para encontrá-lo na porta da frente no dia seguinte, virando o nosso tênue equilíbrio de ponta cabeça com outra onda de mudanças. Em seguida, vem: "Oh droga, como eu vou resolver isso?" seguido do sussurro de um anjo insolente: "Tudo está bem, apenas permita."

 

Às vezes eu resmungo: "Claro, é fácil para eles ‘apenas permitir '- eles não têm um corpo que fica sem controle, sem motivo aparente, um teto sobre suas cabeças etéreas que deve ser pago ou um cérebro que tende a esvaziar-se no meio da frase!”  Às vezes, todo este negócio de permissão simplesmente não faz sentido para o ser humano. Nós, afinal, temos tarefas a realizar, prazos a cumprir e coisas que gostaríamos de lembrar. Ah, e iluminação para entender também. Permitir será fácil, uma vez que chegarmos lá, certo? Só que não é assim que funciona.

 

No outro dia eu encontrei uma maneira útil de olhar para ela...

 

Muitos anos atrás eu conheci alguém cujo passatempo era carros com controle remoto (CR). Estes não eram os carrinhos de brinquedo que podemos comprar na maioria das lojas de brinquedos; eles eram automóveis complexos, de tamanho 1/10, que os amadores passam horas e horas personalizando, atualizando, consertando e, sim, dirigindo. Havia e ainda há toda uma cultura em torno de carros de CR, com destaque para as corridas mensais onde os motoristas se reúnem em pistas especiais e correm com seus carros para receberem prêmios, troféus e direitos de divulgação. É um negócio sério!

 

 

É assim que eu me lembro de um dia típico de corrida: Várias dezenas de pilotos, com amigos e familiares no reboque, convergindo para a pista no início da manhã, alguns vieram de longe. Durante as semanas anteriores eles já passaram muitas horas trabalhando em seus carrinhos, fazendo pinturas criativas, melhorando a suspensão que poderia ter quebrado na última vez e desmontando e remontando-os várias vezes para deixar tudo certo.  Agora as baterias estão carregando e as frequências do rádio foram atribuídas enquanto os pilotos decidem qual o conjunto de pneus usar para este circuito em particular e fazem uma verificação final de todo o equipamento em miniatura. Finalmente, tudo está pronto para a primeira corrida.

 

Depois de colocar seus carros na linha de partida, os pilotos sobem para o posto de pilotagem, uma plataforma elevada acima da pista, de onde eles podem ver toda a pista de corridas. A sequência de partida acende, o alarme soa e eles partem - pilotos girando botões e alavancas furiosamente em seus rádios, com os carrinhos voando ao redor da pista. Aqueles que não estão correndo nesta rodada atuam como vigilantes, ficando em locais críticos ao longo da pista de corridas para ver os carros quais saem da pista após um obstáculo ou vão parar em um canto. Eles correm na pista, com cuidado para não pisar nos carrinhos que passam zunindo e colocando-os de volta na pista para que possam continuar. O relógio está em contagem regressiva, os juízes estão assistindo às voltas e em poucos minutos, a primeira corrida termina. Há muita gente torcendo, gritando e os pilotos voltam para as suas mesas para consertar e ajustar suas máquinas antes da próxima rodada.

 

É tudo muito divertido, mesmo quando os carros quebram e têm que cair fora da corrida. A questão toda é para se reunir e experimentar a emoção da vitória, a agonia da derrota, o desafio da pista e a satisfação criativa de manter as maquininhas super afiadas.

 

É claro que um carro de CR não tem um volante ou pedais de aceleração e freios como um carro normal, mas imaginem por um momento que ele tem.

Agora imagine cada proprietário colocando uma miniatura em forma humana de si mesmo no assento do motorista. O pequeno ser humano encontra-se na linha de partida no dia da corrida e logo está correndo ao longo da pista a uma velocidade vertiginosa. Ele dá o seu melhor para passar em torno dos cantos, evitar os perigos e chegar até a linha de chegada inteiro. Às vezes, apesar de seus melhores esforços, o carro fica fora de controle e bate, mas dentro de alguns momentos ele parte de novo e está tentando acertar desta vez. Ele realmente quer fazer um bom trabalho, porque isso é importante! Certamente há um troféu em algum lugar com o nome dele, se ele conseguir ganhar a corrida. E então algo acontece e o carro segue seu próprio caminho, mais uma vez, independentemente de sua condução cuidadosa. O que está acontecendo?

 

Claro que o que está acontecendo está além de sua capacidade de compreensão. O verdadeiro condutor está lá em cima no estande, alegremente mexendo com os controles, gritando de alegria, conforme os carros passam pelas curvas bem fechadas e voam sobre os obstáculos  que, para os motoristas dos minis, parecem o fim da vida como ele a conhecem. Bem..., vocês podem ver onde isso vai dar.

 

Meu ser humano é como aquele pequeno piloto, que estava ao volante, numa corrida louca e agitada. De alguma forma, ela sabe que estas são as corridas Finais e quer fazer um trabalho realmente bom. Mas, não importa o quanto ela tenta fazer a coisa certa, as coisas ainda acontecem e ela não consegue explicar. Na verdade, toda a sua luta no volante em miniatura, por vezes, parece não fazer diferença. Se ela tiver sorte e fizer uma volta completa a uma velocidade vertiginosa sem capotar, ela pensa: "Ah, finalmente eu vou entender isso!" apenas para bater em algo logo em seguida. Em seguida, ela fica toda abatida por "estragar" as coisas. O que ela não sabe é que o piloto de verdade, aquela alma lá em cima no estande, desenvolveu dedos firmes e olhos límpidos e sabe exatamente para onde está indo. E ainda assim ela vai derrapar nas curvas rápidas demais, apenas para se divertir. A querida humana no carro está lá para fornecer uma visão do centro de toda a experiência e não para dirigir.

 

Claro, agora eu posso ver a idiotice de tentar dirigir a vida de uma perspectiva tão limitada. E eu estou (geralmente) mais disposta a liberar a direção e desfrutar do passeio, quando me lembro de quem está realmente dirigindo. Meus esforços nunca tiveram muito efeito de qualquer maneira, mas era divertido pensar que eles tinham.

 

Esta pequena metáfora tem sido especialmente útil ao lidar com outras pessoas. Particularmente as pessoas pelas quais me sinto responsável (como os meus filhos) e as pessoas cujas escolhas eu não entendo (como todas as outras). Eu não preciso me preocupar se elas estão fazendo certo ou errado, porque elas também têm um piloto especialista (ou amador) no estande, que está curtindo cada momento da aventura. O ser humano não pode realmente estragar tudo e até mesmo se o seu carro/vida tombar e quebrar, a alma não se importa realmente. É se divertir, não importa o quê.

 

Quanto mais eu penso sobre isso dessa forma, mais fácil fica confiar. Apenas esta manhã eu estava respirando, fazendo o treino de 60 segundos e, claro, tentando fazê-lo direito: "Talvez se eu me conectar de forma suficientemente clara com o meu corpo desta vez, vai finalmente acontecer." Então eu tive que rir do esforço do meu querido ser humano. Ele sabe que a linha de chegada é ao virar na próxima esquina (ou talvez a outra depois desta) e ele está se esforçando para fazer a virada, certo de que, se ele se concentrar apenas um pouco mais, ele vai finalmente chegar lá. E lá está a minha alma, em cima da plataforma, simplesmente emocionada com a experiência. De agora em diante, qualquer esforço que o humano tentar exercer será apenas interferência. Ele não vai parar a corrida, mas não vai fazê-lo ir mais rápido também. Parece uma escolha muito mais agradável para tirar minhas mãos do volante, apreciar a paisagem sobre esta última volta e me deixar ser levada para casa.

 

Como é irônico que eu tenha tentado tão fortemente permitir, como se fosse mais uma coisa que eu tenho para fazer direito, a fim de atravessar a linha de chegada. Mas o engraçado é que a linha de chegada é um alvo que se move. A minha alma está se divertindo tanto, que ela pode não estar pronta para parar de brincar. O que ela realmente quer agora é saber como é passear por aí neste carrinho, sentindo o vento no meu rosto enquanto eu vôo pela trilha no meio da lama e da areia. Ela estava lá em cima no estande do piloto todo esse tempo, mas estamos criando uma nova conexão agora. Em vez de terminar a corrida e me arrastar de volta para casa, ela pode realmente vir comigo! Porque a conexão funciona nos dois sentidos, eu estou começando a vislumbrar o circuito de sua perspectiva e perceber que há muito mais na realidade do que esta porcaria de corrida de obstáculos!

 

Eu estou finalmente pronta para tirar as minhas mãos do volante, meus pés dos pedais, baixar a janela e ver o mundo passar. Ela tem isso, o que significa que vou ficar bem. Mesmo que as mudanças continuem chegando - o carro capota de novo, fica preso na vala ou quebra um eixo - é tudo parte da diversão. É hora de permitir – permitir que a alma conduza e permitir-me a aproveitar cada momento a caminho de casa. Eu vou chegar lá em breve.

 


 

Tradução: Léa Amaral – lea_mga2007@yahoo.com.br

 

   
 

 

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