GUERRA E PAZ
           
 — UMA PERSPECTIVA MUSICAL

 

             

 

            Por Gerhard Fankhauser                                                                                                  
                                                                                                   

       

As duas últimas semanas têm sido realmente desafiadoras. A guerra no Oriente Médio me toca profundamente, pois temos nossa casa em Israel, bem como amigos e família que moram lá. Situações como essa são terríveis para todas as pessoas envolvidas e trazem muitas emoções escuras, dor, frustração e ódio. Em geral, quando há um conflito ou guerra como essa nós tomamos partido, questionamos e discutimos. Eu reconheci durante este período o quão sedutora uma guerra como essa é e como é fácil nos perdermos nesta enxurrada de terríveis informações por parte da mídia e internet e sermos sugados na polarização e julgamento. Mas, realmente, em tempos de tensão é muito mais precioso permanecer em campo neutro, observar e testemunhar.

A música expressa as leis da harmonia e pode nos dar belos insights sobre a natureza de guerra e paz. Na harmonia musical nós podemos distinguir duas qualidades muito básicas e fundamentais: consonância e dissonância. Harmonia é o equilíbrio destes duas forças primárias. A consonância expressa e manifesta a qualidade de beleza, estabilidade e paz, enquanto a dissonância expressa em si desconforto, instabilidade, caos e tensão. A consonância musical é prazerosa e pode durar um longo tempo, enquanto a dissonância soa desafiadora e, mesmo, insuportável em longo prazo. Dissonância pede transformação e mudança e, eventualmente, tem de se dissolver numa condição de estabilidade. Os professores de música nos ensinam que criação e destruição, dia e noite, guerra e paz são parte de uma maior e mais universal lei de harmonia e equilíbrio. Apenas pela integração de luz e escuridão nós podemos atingir a verdadeira harmonia.

Em termos humanos, a guerra é uma das mais extremas formas de dissonância e causa uma terrível quantidade de sofrimento e dor, mas contém esta semente de mudança e, finalmente, tem de se transformar em paz. O desejo de paz é uma das necessidades mais fundamentais que todos compartilhamos e, de acordo com os ensinamentos dos místicos da paz no Oriente Médio, é o estado original da nossa alma. Nossa verdadeira natureza é um silencioso e profundo oceano, sempre em paz em suas profundezas, apesar da atividade na superfície. À medida que aumentam as situações de estresse e há mais desequilíbrio, fricção e conflito, o estado original de paz aparenta estar perdido e nós experimentamos dissonância, frustração e uma ânsia desesperada por mudança. Ninguém pode atingir a verdadeira felicidade sem paz e  o alcance da paz é definitivamente o sinal de um homem sábio.

Há incontáveis exemplos de grandes santos, místicos e monges que preservaram os ensinamentos sagrados e os praticaram em tempos de guerra. De fato, a paz de alguns monastérios e templos simplesmente não foi tocada, como tudo mais, pela agitação, revolução e guerra.

Eles se sintonizaram numa outra frequência e não fizeram nada em relação ao conflito geral. Nós podemos estar em paz em tempos de guerra, mas também em guerra em tempos de paz, e isso só depende de nosso estado interior de harmonia e identificação.

Guerra e crise, em geral, desencadeiam nossos medos, e com a presença constante e a manipulação da mídia estas emoções são fortemente amplificadas. O medo, não a guerra, é o maior inimigo da paz. Há uma crescente inquietação e tensão em todo o mundo nos âmbitos políticos, religiosos e econômicos, e é realmente um desafio encontrar a paz em meio a tudo isso.
 

A música começa onde aS palavras

terminam e é um verdadeiro

mensageiro de harmonia e paz

 

A música é a linguagem da alma e nos ajuda a ficarmos em harmonia conosco e nos lembrarmos do nosso estado original de ser. Ao tocar e cantar ou ouvir algumas das nossas músicas prediletas, nós naturalmente entramos num estado de presença e nosso corpo, mente e alma podem relaxar. A música começa onde as palavras terminam e é um verdadeiro mensageiro de harmonia e paz.

Gerhard Fankhauser é co-fundador do grupo musical Yoham. Junto com sua esposa Einat Gilboa e Amir Yakobi, Adamus Saint-Germain, Tobias e Kuthumi lal Singh, Gerhard co-criou diversas experiências profundas nos worshops do Crimson Circle. Ele também colaborou nas Merabhs, em Call to Awaken
Studio KOpening Into ConsciousnessThe Seven Seals e muitas outras gravações. 

Visite o website de Gerhard’s website at Oryom-Music



Tradução:  Jana de Paula   janadep@gmail.com

 

   
 

 

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