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SHAUMBRA HEARTBEAT Por Jean Tinder, Editora do Shaumbra Magazine, Professora do Círculo Carmesim

 A tradução para o português da Série Shaumbra  Heartbeat de Jean Tinder feita por Lea Amaral é incentivada e patrocinada pela Shaumbra Vera Amaral Gurgel

                           
    
SURFANDO NAS
      
ONDAS

 

Alguns dias atrás eu levei meus filhos ao parque aquático local. É uma grande atração com todos os tipos de escorregadores, passeios, piscinas e aventuras - e milhares de pessoas! Foi o último grande dia da temporada de verão e todos estavam lá para se divertir. O meu filho e seu amigo foram explorar o parque, mas a minha filha tinha apenas um interesse - a piscina com ondas. Ela já tinha estado lá com amigas e não estava interessada em outra coisa. Então, lá fomos nós.

Ela já tinha me contado sobre isso antes, mas eu realmente não entendia o apelo. Você está em uma piscina, com ondas. O que há de tão interessante sobre isso? Bem, eu estava prestes a descobrir.

 

A piscina de ondas é muito grande. Uma das extremidades afunda suavemente na água, provavelmente chegando a 10 pés (3 metros) de profundidade. A cada 15 minutos mais ou menos um alarme soa, centenas de pessoas gritam de emoção e começa a diversão. A água retrai um pouco para formar a primeira onda, em seguida, por alguns minutos, é uma enorme onda batendo após a outra.

 

Algumas pessoas surfam nas ondas em boias, outras apenas brincam na água; mas uma coisa é certa - as ondas são incansáveis​​! É difícil nadar ou até mesmo simplesmente flutuar, assim você brinca da melhor maneira possível. E então, quando você sentir que simplesmente não consegue lidar com mais ondas, eles finalmente param por um tempo. A água fica mais calma e você pode sair, se necessário, se mover um pouco, recuperar o fôlego e se recompor antes de começar tudo de novo.

 

Isto é o que Taryn e eu fizemos por três horas. Eu me sentia como um rato alagado, no momento em que saímos da piscina. Meus olhos ardiam da água clorada, meus joelhos estavam doloridos de pular as ondas, meus óculos de sol tinham caído e quebrado e a minha sinusite tinha sido lavada demais. E mesmo assim, que diversão incrível tinha sido!

 

Minha filha, ninfa da água, adorou cada minuto, pulando nas ondas, mergulhando debaixo delas, até mesmo tentando surfar nelas com o corpo – repetida vezes. Às vezes, ela achava uma alça ao lado da piscina e fingia que estava se segurando para salvar a sua preciosa vida. Às vezes, ela "esquecia" que uma onda estava vindo, apenas para cair dentro da água. Seu entusiasmo e alegria eram contagiantes.

 

Em algum momento, lidando com as ondas da melhor forma que eu conseguia e ver o prazer dela na tempestade, me dei conta de o quanto esta piscina de ondas era como a vida, especialmente agora.

                                

 Aqui estamos nós, depois de ter mergulhado na Terra para uma grande experiência e, no momento, parece que a piscina de ondas é a única atração. Onda após onda de caos nos dá uma surra. Lutamos para nos manter à tona, recuperar o fôlego e, ainda mais fútil, manter a posição para atingir algum objetivo que pensávamos que queríamos. Mas chegar a alguma coisa ou a outro lugar, enquanto as ondas estão rolando é literalmente quase impossível, para não mencionar muito frustrante. O melhor que podemos fazer é manter a nossa cabeça erguida, permitir a tempestade e talvez até mesmo nos divertirmos um pouco com ela.

 

Nessa piscina eu aprendi algumas maneiras de lidar com as ondas que se aproximavam, mas o pior era estar despreparada. Tendo uma enorme onda quebrando sobre você, isto pode deixá-lo cambaleando, tentando recuperar o fôlego e quase sem tempo suficiente para se recuperar antes da próxima. Era mais útil prestar atenção na próxima onda, escolher o momento certo e pular para cima. Dessa forma, minha cabeça permanecia (a maior parte do tempo) acima da água e era mais fácil manter o equilíbrio enquanto a onda passava. Ou eu poderia mergulhar na água quando ela surgia na minha frente, fechar os olhos e deixá-la passar por cima de mim. Mas então o truque era subir a tempo de se preparar para a próxima! Houve inúmeras vezes quando eu estava distraída, enxugando os olhos e recuperando o fôlego apenas para ter a próxima onda batendo em mim e me mandando para baixo de novo. A ignorância não era realmente a melhor tática!

 

Também fazia diferença em que lugar eu estava na piscina. Alguns lugares eram extremamente fortes e a combinação de ondas e correnteza me empurrava para a direção aonde a piscina era mais funda. Então eu tinha que lutar bastante para nadar de volta ou apenas esperar. Em alguns lugares, a água se agitava e formava aquela espuma branca, outros lugares estavam um pouco mais calma e tinham o potencial de colidir com os outros nadadores. E, mesmo assim, todos estavam realmente se divertindo.

 

Curiosamente, nos últimos dias a minha vida parecia ser semelhante com uma série de eventos inesperados - situações familiares, as decisões mais difíceis de trabalho, reuniões e prazos, desafios pessoais e muito mais - tudo rolando um após o outro. Na verdade, alguns dias atrás eu cheguei em casa, entrei pela porta, respirei fundo e disse em voz alta: "Ok, eu estou pronta para a próxima crise". Como se fosse uma dica, o telefone tocou com a próxima crise. Meu filho ficou impressionado: "Nossa, mamãe. Uau!"

 

Felizmente a minha recente experiência na piscina de ondas tinha sido muito bom lembrete: “Surfe as ondas, mantenha a respiração e não se preocupe com seus “planos”.  Tudo vai dar certo. E com certeza, tudo se desenrolou como se tivesse sido coreografado por um diretor brilhante (embora ligeiramente insano). As pessoas chegaram depois de viajarem catorze horas, num período de sessenta segundos do (recém-agendado) tempo perfeito e os eventos potencialmente desafiadores se desdobraram com facilidade e graça e eu consegui (mais ou menos) manter a minha sanidade mental através das ondas do caos. E daí, tudo parou. Houve um pouco de alívio. Eu sei que eles vão começar de novo e a "água" da minha realidade ainda é muito agitada, mas eu defini um padrão bem legal para mim mesma de como lidar com isso.

 

Tenho a sensação de que, para todos nós, os próximos meses e anos vão ser como a piscina de ondas; uma enorme tempestade da consciência, enviando onda após onda de caos direto para nós. Claro que poderíamos sair e ficar deitados no sol em algum outro reino, mas é por isso que viemos aqui! Para minha filha, as dezenas de outros passeios no parque aquático nem sequer existiam. Ela estava lá para a piscina de ondas, sem se importar com o quão louca ficasse. E aqui estamos nós em nossa própria "piscina de ondas da consciência." A gritaria começou, as ondas já começaram e agora temos de lidar com elas da maneira que escolhermos.

 

De uma forma um pouco distorcida, o caos intenso em torno de mim tem sido um pouco emocionante, como se eu estivesse desafiando a mim mesma: "Você pode lidar com isso, além de todo o resto? E quanto a isso também?” Eu poderia deixar que as ondas me derrubassem em frustração, ou eu poderia pular, flutuar e mergulhar, subir para tomar ar e continuar. Na verdade, foram essas respirações profundas que me salvaram.

 

Quando há um momento de descanso, seja na hora de dormir, dirigindo o carro ou fazendo qualquer outra coisa, eu descobri que estou bem ali, no momento em que eu respiro fundo.  O meu Eu está bem aqui comigo, a conexão mais doce, a alegria mais profunda do que nunca. A minha alma adora o passeio! Ela sente a minha confiança e, em meio ao caos, de alguma forma ela chega ainda mais perto. Em vez de deixá-la me empurrar para mais longe de mim mesma, eu relaxo, permito e encontro a mim mesma aqui. Na fração de segundo de calmaria antes da próxima onda, eu respiro e sou tragada pelo amor. Por isso, mesmo em sua forma mais caótica, a vida nunca, nunca foi mais doce.

 

Espero que vocês também possam surfar nas ondas desta louca piscina da vida. Elas vão se acalmar eventualmente, mas nesse meio tempo, respirem profundamente com o seu Eu e, em seguida, mergulhem e apreciem a exuberância encharcada do passeio. Estamos todos no mesmo barco!
                          

Tradução: Léa Amaral    lea_mga2007@yahoo.com.br

 

   
 

 

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