FICANDO NA COLA

ESPIRITUAL

 

 

   Por Geoffrey Hoppe

 

 

 

Eu olho no espelho retrovisor na minha viagem para a mestria e vejo o meu Ser humano. Porcaria! Ele está bem colado no meu pára-choque, perto demais para a minha tranquilidade nesta velocidade. Ele está tão perto que eu posso ver em seus olhos um olhar selvagem, quase desesperado.  Eu posso ver as gotas de suor em sua testa e o cigarro aceso pendurado em sua boca. Aqui vamos nós novamente. Outra rodada maluca de ficar na cola espiritual.

 

FICANDO NA COLA 

 

Você sabe como é irritante ter alguém na sua cola, bem grudado ao seu pára-choque quando você está dirigindo na estrada. O que você faz? Pisar no freio para assustá-lo, mas se arriscar a levar uma batida na traseira? Ou dirigir mais devagar na esperança de que ele perceba a mensagem de que você não está feliz com sua proximidade, mas correr o risco de que eles vão ficar ainda mais perto do seu pára-choque? Ou acelerar para apaziguá-los? Mas conhecendo minha sorte, haverá um carro da polícia na próxima esquina. Eu ainda tenho que resolver o dilema do cara que está na minha cola, além de ser paciente até que eu chegar ao meu destino.

 

De maneira nenhuma eu sou um motorista lento. Meu carro gosta de ir, pelo menos, 10 milhas por hora acima do limite de velocidade. O mesmo acontece com o meu Eu Sou. Mas quase toda semana eu atraio alguém que fica na minha cola, descendo o trecho de 10 milhas da estrada da montanha, de minha casa para a parte de baixo do Coal Creek Canyon. Na semana passada, eu pisei no freio levemente para enviar uma mensagem de "afaste-se" para a pessoa. Em vez de me dar mais espaço, ele acendeu os faróis altos como a zombar das minhas tímidas luzes de freio.

 

 

Eu preciso do meu espaço. Durante a última década que eu me tornei muito mais sensível à EDO (Energia dos Outros). Eu só não gosto quando os outros chegam muito perto, porque, em muitos casos, eu posso sentir a sugação de energia. Claro, eu gosto de estar física e energeticamente perto da maioria dos Shaumbra e das pessoas que eu gosto, mas lugares como supermercados e aeroportos fazem minha pele arrepiar, por causa de toda a poluição de energia (tosse, tosse). Eu não gosto quando as pessoas ficam perto demais de mim na estrada também. É perigoso e chato.

 

Eu gosto de dirigir a uma velocidade que me seja confortável. Eu não quero alguém na minha cola, tentando me fazer ir mais rápido do que eu quero, só porque eles estão com uma pressa frenética. Apressar-se para ir para onde, eu poderia perguntar. É o excesso de velocidade que vai levá-los ao seu destino significativamente mais rápido? Provavelmente não. Eles podem conseguir reduzir em alguns minutos o seu trajeto, mas também correm o risco de receber uma multa ou pior ainda, envolverem-se em um acidente.

 

Eu gosto de ver a paisagem enquanto dirijo. Tenho a sorte de viver nas Montanhas Rochosas por isso há a grandeza da paisagem, além de animais selvagens, céu aberto e as pessoas que vão tratar de suas vidas. Leva mais ou menos 35 minutos de carro até o CC Connection Center na cidade e eu sempre espero com ansiedade para ir até lá dirigindo, por causa do cenário. Mas quando alguém está na minha cola, é difícil relaxar e me abrir para a sensualidade do passeio.

 

O qual é o problema com isso?

 

O qual é o problema com esta coisa de dirigir colado no carro da frente? Tal como o cara que dirige colado em mim no cânion semanalmente, o meu Ser humano fica colado em mim com freqüência. Ele tem todo o direito de usar a mesma estrada que Eu Estou viajando, mas deveria haver uma legislação sobre estar grudado no meu pára-choque. Ele faz com que seja difícil apreciar a paisagem na minha viagem para a mestria. O Adamus fala sobre este ser o melhor dos tempos de todas as nossas vidas, conforme nós fazemos a transição de humano para um ser realizado, mas como eu posso relaxar na iluminação quando o meu Ser humano está bem no meu traseiro?

 

Por que ele está com tanta pressa? Eu já sei que eu vou chegar à Iluminação. Na verdade, eu já estou lá e agora estou apenas apreciando o passeio ao longo da estrada que me levou até lá. Será que o Ser humano acha que isto é uma corrida? Ele tem que ser o primeiro da fila? Isto faz com que ele se sinta mais poderoso para estar à frente de todos?

 

O Eu humano sempre tenta me passar na estrada para a iluminação. O engraçado é que, cada vez que ele tenta me ultrapassar, parece ter um carro vindo da outra direção. Tenho notado que os motoristas desses carros têm a mesma aparência que o meu Ser humano: frenético, em pânico, com os olhos arregalados. Percebi estes são os Eus humanos de outros Seres no caminho para a iluminação que estão correndo de volta para o conforto de seus lares humanos limitados porque eles não conseguem lidar com esta coisa chamada mestria. Eles pensaram que era algum tipo de Ser humano glorificado. Quando perceberam que o Ser humano perderia o controle, que a sugação de energia já não era permitida e que o poder é uma ilusão..., eles voltaram rapidinho para casa. É engraçado que estes seres humanos que vêm na direção contrária são, na verdade, as mesmas pessoas que impedem o meu Ser humano de me passar.

 

Quando é que o meu Ser humano vai perceber que isso não é apenas a sua viagem? É a nossa jornada. O Mestre e o humano, bem como todos os aspectos e facetas do Eu Sou. Quando ele vai perceber que ele não vai ser capaz de passar o Eu Sou? Quando ele vai parar de dirigir como um louco?

 

Eu tentei xingá-lo (o dedo médio estendido, para fora da janela do carro), mas ele insiste em ficar grudado na minha cauda. O que o meu Ser humano não percebe é que o meu veículo, também conhecido como o meu Corpo de Consciência, é totalmente automatizado. Ele tem um confiável sistema de GPS que seguramente me guia para o meu destino. Eu não preciso me preocupar em ficar perdido, ao contrário de meu Ser humano, que nem por um momento confiou no seu senso de direção. Meu Corpo de Consciência tem um sistema anti-colisão embutido. Enquanto eu o mantiver ligado, não preciso me preocupar em sofrer um acidente. Eu nem sequer tenho que pensar no tráfego, porque ele faz tudo para mim, bem ao contrário do meu Ser humano em seu antigo veículo. Meu Corpo de Consciência dirige a si mesmo, respondendo aos meus comandos, sem dúvidas ou questionamento. Nunca precisa de combustível, ele ajusta a temperatura e a música com base na leitura da minha biometria e, basicamente, faz de tudo para tornar a minha jornada tão agradável quanto possível. Mas a única coisa que não tem sido capaz de fazer é se livrar do meu Ser humano que fica colado. Quando o meu Ser humano faz esta coisa de ficar colado, eu sei que ele está intencionalmente tentando me provocar. Ele quer chamar a minha atenção. Ele quer validação. Ele quer achar que essa é a sua viagem e que sem ele nada disso estaria acontecendo. Coitado do Eu humano. Quando ele vai aprender que estou feliz em liderar o caminho e que ele é bem-vindo para participar da viagem, mas ele não está no controle. Na verdade, não há necessidade de controle. Tudo é automatizado. Esse é o grande ponto que ele não está entendendo. Ele acha que tem que trabalhar duro, dirigir rápido e se preocupar com chegar ao destino, mas tudo o que ele precisa fazer é desfrutar do passeio, relaxar na beleza da jornada e me permitir nos levar até lá são e salvo.

 

Eu pensei sobre isso por um longo tempo e, finalmente, percebi que o meu Ser humano realmente queria estar no carro comigo. Bem, na verdade, ele quer estar no banco do motorista. Além disso, ele nem mesmo me quer no carro. Ele quer todo o veículo – e a jornada espiritual - para si mesmo. Ele quer ignorar os recursos automáticos de alta tecnologia de meu veículo do Corpo de Consciência, tomando o controle do volante e do acelerador (ele nunca vai usar os freios), portanto, acreditando que ele é quem faz a viagem acontecer. Ele quer o crédito de chegar ao destino, mas na realidade ele é quem está impedindo a si mesmo de chegar ao destino. Humano tolo. Será que vai ser preciso um acidente para que ele finalmente entenda? Será que ele vai fazer mal a si mesmo e possivelmente a outros antes de respirar fundo e relaxar na iluminação? Provavelmente não. Ele está com tanta pressa que nem percebe que nós já estamos lá.

 

Eu olho no meu espelho retrovisor e vejo o meu Ser humano colado no meu pára-choque. Eu mando o meu Corpo de Consciência abaixar a janela. Eu lentamente estendo o braço para fora da janela e mostro o meu dedo do meio para o meu Ser humano e daí morro de rir. Esse é exatamente o tipo de grosseria que o meu Ser humano espera da vida e estou feliz em contentá-lo. De fato tão feliz que eu coloco os dois braços para fora da janela e mostro ambos os dedos médios. Dose dupla! Tome isso Eu humano, tome isso. Que visão! O Mestre, em seu veículo Corpo de Consciência automatizado, dirigindo pela estrada com seus dedos médios estendidos para o Ser humano frenético, neurótico e que está colado no meu pára-choque. Estou gravando tudo isso para que algum dia eu possa mostrar ao Ser humano quanto nós nos divertimos no caminho para a iluminação.

 

Tradução: Léa Amaral - email: lea_mga2007@yahoo.com.br


   
 

 

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