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SHAUMBRA HEARTBEAT Por Jean Tinder, Editora do Shaumbra Magazine, Professora do Círculo Carmesim

 

                                                                                

                                JOGOS DE PODER
 

                            EM 

          LUGARES INESPERADOS

 

Poder: A posse de controle ou comando sobre os outros; autoridade.

Jogo de Poder: Uma situação em que duas ou mais pessoas ou grupos competem pelo controle em uma esfera particular.

 

 

 

"O PODER É UMA ILUSÃO"

 

Esta afirmação despertou o meu interesse quando Tobias o disse pela primeira vez (em A Ilusão do Poder) e cada vez que Adamus explicava sobre ele e eu ficava cada vez mais fascinada, como se o segredo para a liberdade estivesse em algum lugar entre essas palavras.

 

Mas onde? Que diferença faz na "vida real" saber que o poder é uma ilusão? Que bem faz ver uma pitada de liberdade se ela não se manifesta? Imaginamos a queda dos "poderes que existem”, antecipando o glorioso dia quando as forças invisíveis não imponham mais suas insanidades no mundo.  Será que isso finalmente significa liberdade? Nós vemos os políticos ávidos de poder e não gostamos quando eles manobram e torcem suas posições que sempre mudam.  Será que um deles vai tirar a nossa liberdade? Nós nos preocupamos com os inúmeros jogos de poder 'por aí' até que algo aconteça e que traga tudo para muito mais perto de casa.

 

"O poder é uma ilusão", ouvimos dizer, e nos encantamos ao imaginar todos os velhos jogos de poder desvanecendo-se na lata de lixo da história. "A consciência atrai energia", ouvimos, e tentamos organizar a nossa consciência da maneira certa para        que a energia que vem seja de apoio, mágica, abundante e fácil. "A energia serve o Mestre," ouvimos, e continuamos a medir nossa mestria por quão bem a energia parece estar nos servindo. E bem assim, vamos da verdade à ilusão, da confiança à volta ao poder. Deixe-me tentar explicar.

 

 

Em uma recente canalização do Keahak, Adamus falou sobre como se tornar ciente de onde e como obter energia. Isso não é novidade; é a espinha dorsal da Escola das Energias Sexuais e, na verdade, o próprio fundamento da nossa soberania pessoal. Mas, neste caso, ele teve um pouco de lição de casa para ajudar com a consciência. O exercício do Adamus para o pessoal do Keahak foi de ficar sem comida, sem ver outras pessoas e sem Internet, cada uma dessas coisas por 24 horas. Um exercício suficientemente simples, mas que gerou algumas experiências interessantes.

 

Para mim, não havia nenhum problema ficar sem a Internet; era uma mini-férias bem-vinda. E ficar sem a companhia de outras pessoas é um luxo incomum. No entanto, ficar sem comer – oh, sim, isso balançou o pote!

 

Alimento, questões do corpo, hábitos alimentares e escolhas, confusão biológica geral – para mim tudo isso se tornou a fronteira final (espero) nesta aventura de encorporação e eu sei que não estou sozinha.  Muitos Shaumbra compartilharam comigo sua própria confusão sobre como ajudar a nossa biologia prosperar por tempo suficiente para perceber o que estamos fazendo aqui. Nós apresentamos inúmeras maneiras de "cuidar de nós mesmos," nunca completamente certos do que devemos ou não tomar esse suplemento, vitamina ou droga; se devemos nos exercitar para ficarmos bem ou para nos divertirmos; comer uma boa dieta equilibrada (qualquer que seja) ou viver com chocolate e vinho; ver um médico sobre aquela dor ou apenas respirá-la - você entendeu a idéia! Nós estamos sendo não só constantemente bombardeados com sugestões, regras, resultados da investigação e proclamações sobre que é e não é bom para nós, mas também estamos passando pela transformação mais intensa já tentada, enquanto em um corpo, o que (na minha experiência), aparentemente, significa que nada funciona como acontece com as pessoas "normais". Minha mente gosta de mexer com esse quebra-cabeça e tudo surgiu de repente com a tarefa do Adamus.

 

Nas primeiras horas de ficar sem comer e brincar com outras maneiras de arrumar energia, eu me senti libertada; faminta, sim, mas também aliviada. Eu estava me desapegando das necessidades do ser humano físico e adorava a perspectiva da liberdade de não ter que comer, por qualquer motivo, além de prazer. Poderia ser realmente tão fácil? Poderia minha soberania ser causada apenas por deixar de me alimentar e gerar minha própria energia de acordo com a minha vontade? Será que eu finalmente entendi?

 

 Eu já fiz jejuns e limpezas antes, me arrastando por muitos dias de privação em direção a esse sentimento indescritível de bem-estar; vinte e quatro horas não seria nenhum problema. Mas algo sobre essa vez era diferente. Talvez fosse... consciência. À medida que as horas passavam e eu comecei a sentir a indignação do humano em tal negligência, me dei conta de outra coisa: Todo esse tempo eu tinha estado presa numa luta de poder com o meu corpo! As regras eram infinitas - não coma isso, não coma aquilo, mas espere até que esteja realmente com fome e mastigue bem; beba muita, muita água, mas não muito vinho; não coma muitos carboidratos, nem açúcar, coma muitos legumes e muita proteína, esteja com vontade de comer carne ou não; certifique-se que tudo é orgânico, você não quer colocar esse peso extra em no coitado do seu corpo; faça algum exercício, mas apenas se isso te fizer feliz; pegue leve nos laticínios; glúten é provavelmente ruim - e assim por diante. É claro que eu não pedi por essas regras; oh não, eu estava apenas cuidando bem do meu corpo através de escolhas sensatas e conscientes! Mas, na verdade, elas acabaram sendo nada mais do que mecanismos de controle; jogos de poder entre mim e eu mesma. (Nossa, quem vai ganhar isso?)

 

Eu? Jogando jogos de poder? Oh, que ironia. Então eu decidi jogar todas as regras pela janela e comer tudo o que eu queria, mas apenas pelo prazer. Houve uns dois dias de puro êxtase. Bolachas com queijo nunca tiveram um gosto tão divino; preparar o jantar da família era um ato de reverência. E, em seguida, esgueirando-se de volta, estavam todos os velhos jogos de poder. Agora, apenas estar com fome não era mais uma razão boa o suficiente para comer; eu tinha que saboreá-la e apreciá-lo corretamente, ou então eu não deveria comer nada! Em vez de gozar de verdadeira liberdade, uma parte de mim simplesmente instalou uma nova regra.

 

A vantagem era, ao descobrir esses jogos de poder internos, eu também descobri os jogadores deste jogo: os aspectos que realmente gostavam de estar no controle e tinham pouca consideração para qualquer outra coisa. Poder, regras, autoridade - isto eles entendiam. Coisas como confiança, fluxo e prazer eram perigosos. Liberdade? Claro, eu poderia "ganhar" a minha liberdade, mas apenas seguindo suas regras. "Seja boa, seja paciente, dê tanto quanto possa, faça um bom trabalho, não seja estúpida - e um destes dias você vai ser realmente livre." Verdade? (Acho que é o que eles chamam de um momento "de colocar a mão no rosto"...) Oh, e eu também descobri que se você é do tipo calmo e tranqüilo de Shaumbra que quer ver como é uma raiva em ebulição, basta abrir a cortina para os aspectos que estão felizes em manter tudo sob controle. Eles não gostam de ser expostos!

 

Nem é preciso dizer que tudo era bastante esclarecedor. Percebi que quando eu me irrito contra os jogos de poder no mundo lá fora, na verdade estou farta com os que eu ainda estou jogando aqui. Se eu colocar a culpa da falta de liberdade em alguma influência externa, eu realmente estou apenas evitando os constrangimentos internos ainda não resolvidos.

 

Não é que as regras internas estivessem erradas. Elas, na verdade, eram bastante úteis, ajudando a manter alguma aparência de ordem nesta viagem louca. Mas em algum momento nós temos que ir além delas. Imagine um astronauta, que sempre viveu e funcionava na Terra, tão acostumado com a força da gravidade que é inquestionavelmente dada como certa. Quando ele finalmente alcança o sonho de viver no espaço, todas as regras que costumavam ser tão úteis devem ser descartadas. Vivendo fora do "jogo de poder" da gravidade muda tudo.

 

O mesmo aplica-se internamente, onde a mudança é um pouco mais delicada e muito mais potente. Pode ser útil dar uma olhada em todas as regras pela qual vivemos, as maneiras que tentamos manter o controle de nós mesmos, pois eles são, na verdade, nada mais do que jogos de poder. Quantos pequenos ditadores escondidos vivem no interior, tendo governado por tanto tempo que nós nem sequer os notamos? Eles nos fizeram chegar até aqui, mas agora a liberdade é a sua maior ameaça. Eles não conseguem imaginar libertar-se desta ou daquela regra e, portanto, nem nós..., até que o Adamus chega e abre a cortina, oferecendo-nos um vislumbre do pequeno bruxo que estava comandando o império. O que você não faz ou não vai fazer, só porque sim? O que você sempre deve fazer, só porque sim? Como você deve agir para ser como você? E quem está realmente no controle?

 

Eu gostaria de poder dizer que tudo já foi resolvido, que o ditador interior foi deposto, os macacos se foram e Oz foi libertada. A verdade é um pouco mais confusa; é uma descoberta contínua. Às vezes eu penso que poderia ser bom ignorar a bagunça, ir para a liberdade instantânea, disparar alguns fogos de artifício, comemorar e pronto. Mas então eu perderia as experiências, as estórias, as epifanias e exasperações. Então, eu permito o processo, de me tornar o que já é verdade, o amanhecer de um sol que já está brilhando, jogar um jogo que eu já ganhei. Mas a lama é divertida e os replays instantâneos são uma confusão!


 

Tradução: Léa Amaral – lea_mga2007@yahoo.com.br

 

   
 

 

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